quarta-feira, 21 de maio de 2014

Notícias recentes sobre Bullying


Notícias recentes

Passeata contra o Bullying



Spielberg quer filmar inusitada volta por cima de menina vítima de bullying


Corrente combate Bullying nas escolas

Caracterizando e conhecendo o Bullying





Em primeiro lugar precisamos entender o que pode ser caracterizado como bullying. Trata-se de agressões sem motivação evidente perpetradas repetidamente contra uma mesma vítima que, por algum motivo, não consegue se defender sozinha. Segundo as pesquisas, existem três formas de manifestação do bullying: a forma direta, a indireta e a psicológica. As agressões diretas incluem o tomar pertences, bater, chutar, empurrar, ferir com objetos, rasgar materiais escolares e uniformes ou mesmo tomar o dinheiro do lanche. Na forma indireta, podemos incluir as agressões verbais: apelidos pejorativos, fazer gozações, acusações injustas, espalhar boatos maldosos, entre outras. Também podemos acrescentar a essa categoria a forma de exclusão social na qual a criança fica fora do grupo, não podendo participar ou brincar com seus integrantes. 
Como agressões psicológicas, menciono o próprio resultado das constantes agressões citadas acima e, ainda, o constrangimento para a vítima, a intimidação, a ridicularização sofrida, o próprio medo. O bullying caracteriza-se justamente pelo fato de essas agressões serem constantes, em alguns casos, diárias. Esse motivo é que o torna tão nefasto. 

Como a escola pode identificar a ocorrência de bullying? 

É muito difícil identificar o bullying, justamente por ser um fato que ocorre longe do olhar do adulto ou do profissional escolar. Quando um professor ou outro adulto presencia um episódio de agressão, na maioria das vezes o evento é interpretado como violência banal ou corriqueira. Em alguns casos a família é chamada juntamente com a criança, e esta pede desculpas à vítima. Mas não é bem por aí. É preciso ter em mente que conhecer as características do bullying é muito importante na identificação do problema, para que não se confundam os eventos. Esse papel a mídia já vem fazendo há muito tempo, trazendo uma série de informações acerca do assunto. O bullying tem suas próprias características, não podendo se r confundido com agressões casuais ou mesmo brincadeiras de mau gosto. Enquanto estas não causam sequelas mais graves, aquelas provocam inúmeros danos ao psiquismo das vítimas. 
Para que a escola identifique a presença do bullying, é necessário uma observação constante. Se uma criança está retraída, amedrontada, fica fora do grupo, deixa de brincar no recreio, fica sempre por perto de um adulto em vez de estar com outras crianças, já é indício de que alguma coisa está errada. A criança vítima geralmente tem medo de ir à escola. Às vezes seu rendimento escolar cai, não participa da aula por medo das gozações, e demais aspectos observáveis por um olhar mais atento. 
Existem várias maneiras de identificar a presença do bullying na escola. Além da observação sistemática, podemos também aplicar questionários anônimos aos alunos, com perguntas diretas sobre agressões sofridas e/ou presenciadas. Essa é a maneira mais adequada de identificação, pois as agressões acontecem na presença de outros alunos, que não denunciam por medo de serem as próximas vítimas. 

Como as instituições de ensino podem contribuir para a formação de uma cultura de não violência na sociedade? 
O primeiro passo é trazer a sociedade para dentro da escola por meio da família dos alunos, pois há muito tempo ela deixou de ser uma instituição na qual o estudante recebia a complementação da sua educação. Por uma série de motivos, a família deixou ao encargo da escola o papel da educação das crianças. 
As escolas devem, também, estar abertas à comunidade na qual estão inseridas. Promover eventos esportivos, cursos, palestras e debates sobre violência e formas de evitá-la ou mesmo minimizá-la também contribui. Cursos de capacitação aos jovens para inserí-los no mercado de trabalho são de fundamental importância, porque é muito mais fácil fazer uma intervenção primária, ou seja, impedir que crianças e jovens se envolvam com a criminalidade, do que retirá-los do crime. Ocupar o tempo deles com esportes, cursos, reforço escolar já colabora para a redução do envolvimento com a violência. Essas ações já são um bom começo para ajudar na formação de uma cultura de não violência. Convidar a família a participar ajuda a ampliar os laços com a escola.


Professora Schana Nardi

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Bullying: Existe lei para esta prática?

BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR: EXISTE LEI PARA PUNIR ESTA PRÁTICA?


O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos.
Violência nas escolas, assédio moral, incivilidades ou bullying são termos similares que expressam a existência dos atos corriqueiros de agredir, ofender ou maltratar, ataques físicos, apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.
As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra este sério problema, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.
As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
Os autores ou o autor, das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.
As escolas brasileiras recebem milhares e milhares de alunos, vítimas e praticantes de diversos atos infracionais, atos de indisciplina e em situação de risco e não podem, por força da lei estatutária, deixar de promover o amparo e a proteção de todos. Porém, para um discussão mais ampla e a possibilidade de melhora no ensino contra a violência do bullying, requer pelo menos o domínio dos aspectos essenciais da Constituição Federal, do Estatuto da Criança e do Adolescente e dos principais paradigmas da moderna educação, além do real envolvimento dos pais, alunos, professores e direção, naquilo que denomina-se de democracia participativa nas escolas.
No Brasil não existe ainda nenhuma Lei Federal específica sobre a violência nas escolas, por isso se faz de grande importância um regimento interno adequado à Constituição Federal e ao ECA, contendo pontos cruciais, naquilo que é pertinente ao sistema punitivo interno por conta das indisciplinas. Contemplando prazos, formas e a atuação de todos, conhecido pelos juristas como devido processo legal. Uma exaustiva discriminação de todas as graves condutas proibidas. Paralelamente, como segunda medida, por conta do princípio da municipalização do sistema de proteção integral, os poderes públicos deverão ser sensibilizados para criarem os programas e políticas públicas municipais, imprescindíveis para apoiar as escolas, sempre que os alunos forem vítimas de bullying, previstos no art. 90, I e II do ECA: o programa de orientação e apoio sócio familiar (I) e o de apoio socioeducativo em meio aberto(II). Através do segundo programa, cada escola deve possuir, no mínimo, um advogado, um pedagogo, um psicólogo e um assistente social para – em equipe - discutir as medidas técnicas para solução dos casos de violência nas escolas.
As diferenças são visíveis. Indisciplina deve ser discutida e combatida pela própria escola, com específica previsão no regimento interno. Situação de risco, definidas no art. 98 do ECA, devem ser objeto de intervenção do Conselho Tutelar. Em consequência da fragilidade ou inexistência do controle dos atos graves de indisciplina ou da insuficiente proteção municipal das vítimas caminha-se a passos largos para a prática dos atos infracionais nas escolas, definidos pelo art. 103 do ECA. Da mesma forma que os sistemas e mecanismos anteriores, deverá ser aperfeiçoado o sistema punitivo externo ao ambiente escolar.
Os adolescentes que praticam atos infracionais graves nas escolas, seja nas salas de aula, nos pátios ou nas demais atividades, como uma das medidas mais drásticas, porém legais, devem ser apreendidos pela Polícia Militar, indiciados pela Polícia Civil, representados pelo Ministério Público e punidos pelo Poder Judiciário.
É fundamental que, além da punição pela prática de atos infracionais de responsabilidade do Estado-membro nos casos de internação e semiliberdade, os Municípios implantem todas as entidades e programas obrigatórios para o cumprimento das medidas socioeducativas em meio aberto. Assim, o ataque frontal e consistente à violência escolar requer sensível e substancial melhoria na qualidade da educação; adequação do Regimento Interno aos fundamentos da CF e do ECA; criação dos programas municipais previstos no art. 90 do ECA e a punição dos adolescentes que praticarem atos infracionais nas escolas e o efetivo cumprimento das decisões judiciais. Segundo o artigo 5° do ECA, “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. Por fim, pode-se dizer que educação de qualidade e a aplicação do ECA nas escolas constituem interessantes parâmetros que devem ser prestigiados pelas escolas e por toda a sociedade.

     
Marcela Viviany Fujihara - Pedagoga

Bullying e Sociedade

 Bullying: sintoma da sociedade moderna 

Antes de falar em bullying, penso ser necessário revisar nossa trajetória educacional. Caminhos tortuosos, desacreditados por uma sociedade que se sustenta na aparência, movendo-se por uma economia capaz de ofuscar a luz do bom senso e da sensatez. Não estou imune aos ditames da ferocidade dessa configuração. Vivo nela, respiro o desrespeito dos representantes da sociedade, ainda que a contragosto. Em todos os setores impera a desconfiança, o mau exemplo se espalha por todo lado, o individualismo avassalador, a corrupção, descaso generalizado, vergonha desavergonhada. Nesse cenário, os processos educacionais parecem fantasmas, e nem mesmo assombram. Estamos carentes de pessoas ocupadas com a arte de educar, falo da educação que é capaz de romper com a manipulação desenfreada, fazendo abandonar a ignorância vil que cega o indivíduo.
Permanecemos desprovidos de mudanças significativas e necessárias, somos reféns de professores desacreditados na mudança, de projetos ineficazes, de falsas preocupações que sobrevoam o grande problema da sociedade, mas não provocam as mudanças desejadas.
Não sou propenso a queixas e reclamações, mas, se o tom das minhas palavras iniciais é desabafo trata-se de uma verdade. Nossa sociedade está doente e continuamos a buscar diagnósticos por todos os lados. Encontra-se abandonada ao descaso das autoridades, de pais pouco preocupados com a formação de valores, que dão péssimos exemplos aos seus filhos, de sistemas educacionais que fazem do lucro seu objetivo maior. Enfim, não adianta mascarar a realidade, pois ela sofre, está doente. Há pessoas bem intencionadas? Sim. Como também existem escolas que já encontraram o caminho para as mudanças, mas a grande maioria passa longe desse encontro. A palavra capacitação virou uma espécie de mantra dentro do sistema educacional, porém acredito ser nosso problema bem mais simples de resolver. Nossa sociedade abrandou as regras de convivência, deixou de lado a preocupação com a formação humana, banalizou valores e, nessa triste realidade, o ter passou a ser mais importante do que o ser. Vivemos num estado hipnótico no que diz respeito a valores e virtudes. A ética, enquanto uma tentativa de regulamentar a maneira como conduzimos nossas vidas, pouco efeito surte nas pessoas. Cada um se sente dono de sua própria verdade, como se fosse possível viver sozinho.
Já faz um bom tempo que insisto numa educação para cidadania. Embora as pessoas acreditem estar a escola formando cidadãos, eu penso o contrário. Ela faz pouco, muito pouco. Nossa constituição, nossas leis de diretrizes e bases da educação, os Parâmetros Curriculares Nacionais, todos os documentos que regem a educação no Brasil dizem ser tarefa da escola formar cidadãos. Como diria meu saudoso amigo Bartolomeu Campos Queirós "o papel aceita tudo". Na prática essa realidade não se confirma. Em meio à crise moral em que vivemos, deixamos, ou melhor, abrimos mão do grande trunfo para mudança: a escola. Embora os PCN's digam que as disciplinas devem funcionar como ferramentas para se atingir a cidadania, isso está longe de acontecer, pois depende de um entendimento novo sobre a sala de aula, um olhar novo para a função da escola. Ser cidadão é conviver numa sociedade regida por regras, deveres, direitos. Esse pacto social está elencado na nossa constituição. Ser cidadão é ter conhecimento das regras do jogo social. Já estive em auditórios com 900 professores que ao perguntar quem já havia lido a constituição, ou trechos dela, apenas 12 pessoas levantaram a mão. Ser cidadão é saber que no artigo 5º inciso V da Constituição Federal está escrito que é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem, ou ainda que no mesmo artigo inciso X diz ser invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Quando escrevi Bullying: Tô fora coloquei partes da Constituição e da Declaração dos Direitos Humanos. Assim fiz, porque entendo que só formamos cidadãos quando proporcionamos ao sujeito o conhecimento necessário para conviver em sociedade. A escola precisa abrir os olhos, e não só ela, toda a sociedade. Não podemos prescindir de requisitos tais como a formação de valores, das virtudes, das leis, se a proposta é educar para cidadania.
O humano precisa transcender, já que vive em busca de significados, de um sentido para a própria existência. Nessa busca, a liberdade se torna quase uma obsessão, isto é, ir além de si mesmo é quase uma ordem. A questão se complica quando a busca dessa liberdade rompe com certos acordos, pactos, estabelecidos por alguns, para o bem-estar de todos. Se abster de restrições internas e externas pode até trazer uma sensação de autodomínio, de autocontrole e liberdade, no entanto coloca em risco a harmonia da sociedade. A crise de valores, o excesso de drogas, o bullying não deixam de ser formas ambíguas de buscar uma "certa liberdade". É, de certa maneira, um não ao pacto.
Sempre me lembro de John Dewey ao dizer que nossas falhas morais têm origem em alguma fraqueza de disposição, em alguma ausência de humanidade, em alguma inclinação unilateral que nos faz chegar ao juízo ou à decisão quanto ao fato concreto de modo negligente ou malevolente. Vejo o bullying como uma fraqueza de disposição, ausência de bons exemplos, reflexo de uma educação deficiente, tanto em casa como na escola. O termo pode até mesmo ser novo, mas o fato em si é tão antigo quanto a humanidade. Sempre existiram pessoas ruins, pessoas negligentes, que não tiveram a chance de aprender o que é respeito, justiça, amor ao próximo e outros sentimentos nobres da alma humana. Bullying é uma postura descuidada com o outro, um relaxamento da boa conduta. Costumo dizer que vivemos a síndrome da desobediência, basta dizer "faça isso" e as pessoas fazem o contrário. Se a placa diz para não usar telefone celular, há sempre alguém que faz vista grossa; burlar as regras virou algo corriqueiro. Não sou moralista e nem acho que o caminho para uma vida em sociedade passe por um moralismo desenfreado, mas se queremos viver juntos, compartilhar os mesmos espaços, ter uma vida saudável, é preciso afinar nossas condutas de maneira tal que todos saiam ganhando. E já temos documentos para orientar nossas ações, mas são desconhecidos pela grande maioria dos brasileiros.
Lembro-me bem de quando aceitei o convite de uma escola para trabalhar formação humana com alunos do Ensino Médio. Apresentei minha proposta que trazia, dentre os conteúdos, os Códigos de Defesa do Consumidor, o Estatuto do Idoso, trechos da Constituição e outros. Alguns professores acharam aquilo um disparate, para minha surpresa, alguns deles não conseguem ver a escola como formadora de cidadãos, ainda que o façam apenas no discurso, na prática é diferente. O resultado foi ótimo, os alunos se dividiram em grupos e cada um ficou responsável por passar para toda a escola.
Penso no bullying como um sintoma da nossa sociedade. Por trás de uma história de bullying tem sempre um sujeito vitimado, às vezes, nem teve na vida alguém que lhe barrasse, que lhe "emprestasse o ouvido", lhe apontasse o caminho correto para viver bem com o outro. É fácil acusar, apontar o dedo, mas a questão é reconhecer as histórias por trás desses episódios de bullying. A verdade é que adolescentes e crianças apenas repetem o que veem. Atitudes de bullying são de certa forma uma extensão da sociedade, humilhações, intimidações, agressões são atitudes presentes no cenário nacional. A todo momento essa triste realidade se manifesta. Banalizamos a violência, o descaso com o idoso, a miséria, e assim ficamos reféns do nosso próprio desleixo.
Sempre penso nas virtudes como a grande saída para essa crise de valores em que vivemos. A palavra virtude vem de virtus e significa excelência; se queremos a excelência, o caminho passa por ela. E vale dizer que não nascemos com nenhuma virtude; aprende-se. Pais e educadores devem se incumbir dessa transmissão à família, e a escola precisa colocar a formação das virtudes como sua prioridade. Aquele que faz bullying está carente e, quem tem tolerância, prudência, respeito, não comete bullying.
Podemos e devemos acreditar numa mudança capaz de trazer de volta a paz entre os homens. O bullying que assombra nossas escolas precisa ser encarado de frente. No entanto, é preciso deixar a hipocrisia de lado e reconhecer que essa mudança deve começar dentro de cada um de nós. Não vamos avançar nesse processo se exemplos continuarem carregados de falta de ética, se valores continuarem deturpados, se não nos conscientizarmos de que viver em sociedade é comungar da sabedoria que reconhece o outro em sua dignidade. É preciso trocar o eu pelo nós. Uma renúncia necessária para fazer imperar a paz entre os homens.
Teuler Reis é autor de Bullying... Tô fora e Educação e Cidadania: A Batalha de uma Educação Comprometida, ambos publicados pela Editora WAK.


domingo, 18 de maio de 2014

Bullying contra professores

Agressões contra professores pela internet


Alguns adolescentes usam a internet para ofender professores. O que parece uma brincadeira pode ser crime. Saiba como evitar o problema ou defender-se em casos extremos.

Ana Rita Martins (novaescola@fvc.org.br)

"Fica livre dele eh a melhor coisa do mundo! Além de surdo eh chato!" 
"Ela eh ridícula." 
"Aquele vesgo do inferno sempre me dá nota baixa." 

As frases acima estão ou estiveram publicadas na internet. No mundo virtual, fica mais fácil tornar públicos imagens e comentários depreciativos, usando para isso blogs, fotologs e sites de relacionamento, de forma anônima ou assumindo a autoria. 

Alguns docentes tentam não se incomodar. O professor de Química George Lopes, de Silvânia, a 80 quilômetros de Goiânia, diz não se importar com a comunidade em que é citado (veja imagem acima), que existe há três anos. Quando foi publicada, ele apenas quis saber o teor dos comentários. Descobriu frases como "Dar uma pedrada nele é o meu sonho" e outras ainda mais ofensivas. "Todo educador é visto como chato pelos jovens. Eu sempre fui rígido, por isso os estudantes criaram essa forma de protesto. Além disso, sei que alguns adolescentes se sentem bem humilhando os outros. Mas não ligo, não me atinge", afirma.

Inconformismo e atitude 

"Perdi a vontade de dar aulas quando li que eles me achavam 'bisonho'. Nem consegui dormir." Sidnei Raimundo de Melo, professor de Matemática em Manaus, que não quis ser fotografado.

Outros, como Sidnei Raimundo de Melo, que leciona Matemática em Manaus, não escondem a indignação. Ele não quis ser fotografado, mas declarou que até pensou em abandonar a carreira ao ler na internet "O professor Raimundo é bisonho". "Fiquei triste, tive insônia e perdi a vontade de trabalhar". Sem o apoio da direção da escola, ele procurou o responsável pela publicação para conscientizá-lo do caráter agressivo de sua atitude. O jovem pediu desculpas e deletou tudo. "É meu dever ajudar a construir valores éticos na sala de aula", afirma Sidnei. Ele estava disposto a prestar uma queixa formal caso a conversa não surtisse efeito: "Os jovens precisam aprender que não dá para desrespeitar impunemente".

Chocada também ficou Maria Aparecida de Carvalho, que dá aulas de Física no Rio de Janeiro, ao descobrir que uma de suas aulas fora gravada em vídeo e estava num site com o título "Maria recebendo um santo". Ela costumava fazer paródias de músicas e adaptar as letras com conteúdos da disciplina para cantá-las com as turmas. Os comentários diziam que ela era ridícula e adorava aparecer. O vídeo foi deletado após a professora avisar que tomaria providências legais.

Esforço conjunto 

Tentar evitar essas manifestações deve ser uma preocupação da escola e dos familiares para que não seja preciso partir para medidas extremas (leia os quadros abaixo). Trata-se de uma situação que exige a reflexão sobre o convívio entre membros da comunidade escolar. Quando as agressões ocorrem, o problema está na escola como um todo. Em uma reunião com todos os educadores, pode-se descobrir se a violência está acontecendo com outras pessoas da equipe para intervir com medidas que restabelecem as noções de respeito - palestras, atividades que estimulem a solidariedade e a discussão do regimento interno da escola.
Se for uma questão pontual, com um professor apenas, é necessário refletir sobre a relação entre o docente e o aluno ou a classe. O jovem que faz esse tipo de coisa normalmente quer expor uma relação com o professor que não está bem. Existem comunidades na internet, por exemplo, que homenageiam os docentes. Então, se o aluno se sente respeitado pelo professor, qual o motivo de agredi-lo? questiona Adriana Ramos, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora de pós-graduação da Universidade de Franca (Unifran).

Como se prevenir 

O psicoterapeuta José Augusto Pedra sugere algumas ações para evitar a agressão virtual: Converse com os alunos sobre o tema para que eles não vejam essa atitude como brincadeira. 
Chame os pais para palestras que tratem do assunto. 
Envolva os adolescentes em atividades solidárias para fortalecer o senso humanitário e de cidadania. 
Verifique se o regimento interno da escola prevê sanções a quem pratica atos agressivos. Em caso negativo, discuta com colegas e direção a possibilidade de incluir o tema.


Como se defender 

O advogado Rodrigo Santos, de São Paulo, especializado em crimes virtuais, afirma que as vítimas têm o direito de prestar queixa e pedir sanções penais. Caso o autor das ofensas tenha menos de 16 anos, os pais serão processados por injúria e difamação; se tiver entre 16 e 18 anos, responderá junto com os pais; e, se for maior, assumirá a responsabilidade pelos crimes. Algumas formas de se defender: 

Salve e imprima as páginas dos sites. 
Consiga testemunhas do ocorrido. 
Preste queixa em delegacia comum ou em uma especializada em crimes virtuais, se houver em sua cidade.



Plano de Aula sobre Bullying

PLANO DE AULA : DIGA NÃO AO BULLYING!



Duração: 3 aulas ( de uma hora cada )
Clientela: Alunos do Ensino Fundamental


OBJETIVOS :

Refletir sobre os valores ;
Refletir sobre o Bullying ( tão presente hoje nas salas de aula );
Despertar o senso crítico sobre o mal causado pelo preconceito;
Despertar para a valorização de si e dos outros colegas.


RECURSOS UTILIZADOS :

Cópias do texto : EU E O ESPELHO
História : O PATINHO FEIO e/ou o VÍDEO
Levar para a sala um espelho para a dinâmica do espelho

ESTRATÉGIAS: 

Motivar os alunos ( vocês devem pensar em alguém que lhes seja de grande significado );
Utilização da DINÂMICA “”O ESPELHO “”Participantes: 10 a 20 pessoas.


Tempo estimado : 30 minutos


Material: Um espelho escondido dentro de uma caixa, de modo que ao abrí-la o integrante veja seu próprio reflexo.


Descrição: O professor motiva o grupo:

"Cada um pensa em alguém que lhe seja de grande significado. Uma pessoa muito importante para você, a quem gostaria de dedicar a maior atenção em todos os momentos, alguém que você ama de verdade... com quem estabeleceu íntima comunhão... que merece todo seu cuidado, com quem está sintonizado permanentemente... Entre em contato com esta pessoa, com os motivos que a tornam tão amada por você, que fazem dela o grande sentido da sua vida..." Deve ser criado um ambiente que propicie momentos individuais de reflexão, inclusive com o auxílio de alguma música de meditação. Após estes momentos de reflexão, o coordenador deve continuar: "... Agora vocês vão encontrar-se aqui, frente a frente com esta pessoa que é o grande significado de sua vida".Em seguida, o coordenador orienta para que os integrantes se dirijam ao local onde está a caixa (um por vez).
Todos devem olhar o conteúdo e voltar silenciosamente para seu lugar, continuando a reflexão sem se comunicar com os demais. Finalmente é aberto o debate para que todos partilhem seus sentimentos, suas reflexões e conclusões sobre esta pessoa tão especial. É importante debater sobre os objetivos da dinâmica .


EXPOSIÇÃO DO VÍDEO DO YOUTUBE : O PATINHO FEIO 





Na história do patinho feio, o autor descreve um universo de agressividade, desdém, preconceito e intolerância, que um ser vive constantemente diminuído, por não conhecer sua essência, sua beleza própria e sua verdade interior. Por ser diferente dos outros de sua espécie o patinho é desacreditado, colocado ao ridículo, perde a autoconfiança e suas perspectiva de futuro são destruídas.
Na vida real, comparando a história do patinho, com as diferenças, o preconceito de cor, gênero, credo ou classe social seja em casa, seja na escola Chalita diz que temos a responsabilidade e o dever de orientar nossas crianças e jovens, para a aceitação do outro, para a compreensão de que condutas preconceituosas ou intolerantes só colaboram para a degradação das relações e para o desentendimento entre as pessoas.


DEBATE SOBRE O VÍDEO: Conversação  sobre o filme


LEITURA COLETIVA DO TEXTO:“ EU E O ESPELHO “


Um homem muito desanimado entrou na igreja, ajoelhou-se e falou com Deus:
- Senhor, aqui estou porque nas igrejas não há espelhos. Sou feio e nunca me senti satisfeito com a minha aparência.
Subitamente uma folha de papel caiu aos pés dele, vinha do alto do templo. Atônito ele a apanhou e viu a seguinte mensagem: a feiura é invenção dos homens e não minha.
Não importa se os braços são longos ou curtos. Sua função é o desempenho do trabalho honesto.
Não importa se as mãos são delicadas ou grosseiras. Sua função é dar e receber o bem.
Não importa a aparência dos pés. Sua função é tomar o rumo do amor e da humildade.
Não importa se a cabeça tem ou não cabelo, mas sim os pensamentos que passam por ela.
Não importa a cor dos olhos. O que importa é que eles vejam o valor da vida.
Não importa se a boca é graciosa ou sem atrativo. O que importa são as palavras que saem dela. Atônito o homem foi saindo da igreja e na porta de vidro viu o seu reflexo e ali estava escrito: Veja com bons olhos seu reflexo neste vidro e lembre-se que em tudo que existe escrito sobre mim, não há uma única linha dizendo que sou bonito. Olhe-se no espelho e veja a beleza que há dentro de você.


REFLEXÃO:  Comentários dos alunos.


AVALIAÇÃO :

Avaliação será contínua ,
Observação da participação dos alunos : Interatividade, motivação,criatividade, produção de um texto, interesse e aprendizagem.


REFERÊNCIAS:

CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor: a contribuição de histórias universais para a formação de valores das Histórias Infantis.






sábado, 17 de maio de 2014

Educação Física e o Bullying

Educação Física sem bullying
Alunos aprendem a trabalhar em grupo criando regras próprias para os esportes coletivos.
Marcelo Volpato (novaescola@fvc.org.br)

Caso real

Se por um lado a Educação Física pode despertar nos alunos sentimentos de cooperativismo, companheirismo e inclusão, por outro, tende a criar situações de competitividade, agressividade e discriminação em meio às quais práticas de bullying podem surgir - sobretudo em relação aos alunos acima do peso ou com pouca habilidade nos esportes.
Foi o que a professora Joice Silva enfrentou ao assumir as aulas no Colégio Estadual Frederico Costa, de Salvador (BA). "A disciplina já cria a ideia de que só os melhores podem participar. Os próprios alunos começam a selecionar quem eles querem em seu time, tentando encontrar os mais aptos", explica.
Nesse processo de seleção e exclusão começam a surgiu atos de bullying entre os colegas. "Aparecem os apelidos, os termos que eles utilizam para classificar os colegas: menina é lerda, é fraca, vai se machucar; os gordinhos são lentos", comenta a professora.
Diante da situação, Joice resolveu intervir nas regras convencionais dos esportes, junto com os alunos. No basquete, por exemplo, antes de arremessar a bola, eles devem passá-la por, pelo menos, três meninas do grupo. "Querendo ou não, a bola acaba passando por todos. A regra que, na maioria dos casos é para impor limites, acaba por ampliá-los", conclui.
A professora passou também a organizar pequenos debates durante as aulas, questionando os alunos sobre quem é o vencedor e quem é o perdedor, em determinadas situações. "A participação deles aumentou e a convivência melhorou porque o objetivo da aula deixou de ser somente vencer o jogo e passou a ser se divertir e aprender com o grupo", avalia.

Palavra de especialista


Bullying é resultado de ações intencionais de desrespeito e pode ter origem em diferentes causas que vão desde ambientes familiares e escolares agressivos até a falta de valorização pessoal e de perspectivas. "O alvo e o autor de bullying sempre apresentam algum problema em relação ao valor de si. Por isso, o maior antídoto é promover um ambiente onde crianças e adolescentes se sintam valorizados e que possam reconhecer o valor do outro", explica Vanessa Vicentin, doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP).
Para a pesquisadora, ao colocar a cooperação como pilar para as atividades da disciplina de educação física, Joice consegue demonstrar para os alunos que o respeito mútuo é o princípio que deve nortear as relações entre as pessoas. "Praticando e analisando as regras que criaram, as crianças se sentem pertencentes a sua construção e percebem a necessidade de colocá-las em prática", explica.
Neste ambiente construído com base na participação dos alunos o professor atua como um mediador nas situações de conflito e o índice de casos de bullying tende a diminuir. "O professor não deve resolver os conflitos entre os alunos e dizer quem está certo ou errado, mas incentivá-los a expressar pontos de vista e sentimentos e discutir formas alternativas de resolver os problemas sem se prejudicar ou prejudicar o próximo", alerta Vicentin.

A especialista também indica uma técnica que pode ser usada pelo professor em sala de aula: "o estatuto antibullying". Na primeira etapa, os alunos devem responder de forma anônima a questionários que busquem avaliar as condutas de bullying em sala. Depois, os próprios alunos ajudam a tabular os resultados e passam a discutir em subgrupos como resolver os problemas de desrespeito. Ao final, eles apresentam as propostas e, por votação, elaboram o "estatuto antibullying", com regras de condutas deliberadas e discutidas por todos.

Bullying e Inclusão

Bullying contra alunos com deficiência
A violência moral e física contra estudantes com necessidades especiais é uma realidade velada. Saiba o que fazer para reverter essa situação.
Ana Rita Martins (novaescola@fvc.org.br)

Um ou mais alunos xingam, agridem fisicamente ou isolam um colega, além de colocar apelidos grosseiros. Esse tipo de perseguição intencional definitivamente não pode ser encarado só como uma brincadeira natural da faixa etária ou como algo banal, a ser ignorado pelo professor. É muito mais sério do que parece. Trata-se de bullying. A situação se torna ainda mais grave quando o alvo é uma criança ou um jovem com algum tipo de deficiência - que nem sempre têm habilidade física ou emocional para lidar com as agressões.

Tais atitudes costumam ser impulsionadas pela falta de conhecimento sobre as deficiências, sejam elas físicas ou intelectuais, e, em boa parte, pelo preconceito trazido de casa. Em pesquisa recente sobre o tema, realizada com 18 mil estudantes, professores, funcionários e pais, em 501 escolas em todo o Brasil, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) constatou que 96,5% dos entrevistados admitem o preconceito contra pessoas com deficiência. Colocar em prática ações pedagógicas inclusivas para reverter essa estatística e minar comportamentos violentos e intolerantes é responsabilidade de toda a escola.


 Conversar abertamente sobre a deficiência derruba barreiras


Quando a professora Maria de Lourdes Neves da Silva, da EMEF Professora Eliza Rachel Macedo de Souza, na capital paulista, recebeu Gabriel**, a reação dos colegas da 1ª série foi excluir o menino - na época com 9 anos de idade - do convívio com a turma. "A fisionomia dele assustava as crianças. Resolvi explicar que o Gabriel sofreu má-formação ainda na barriga da mãe. Falamos sobre isso numa roda de conversa com todos. Eles ficaram curiosos e fizeram perguntas ao colega sobre o cotidiano dele. Depois de tudo esclarecido, os pequenos deixaram de sentir medo", conta. Hoje, com 13 anos, Gabriel continua na escola e estuda na turma da professora Maria do Carmo Fernandes da Silva, que recebe capacitação do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai), da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, e está sempre discutindo a questão com os demais educadores. "A exclusão é uma forma de bullying e deve ser combatida com o trabalho de toda a equipe", afirma. De fato, um bom trabalho para reverter situações de violência passa pela abordagem clara e direta do que é a deficiência. De acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora do S.O.S. Down - Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down, em São Paulo, é normal os alunos reagirem negativamente diante de uma situação desconhecida. Cabe ao professor estabelecer limites para essas reações e buscar erradicá-las não pela imposição, mas por meio da conscientização e do esclarecimento.

Não se trata de estabelecer vítimas e culpados quando o assunto é o bullying. Isso só reforça uma situação polarizada e não ajuda em nada a resolução dos conflitos. Melhor do que apenas culpar um aluno e vitimizar o outro é desatar os nós da tensão por meio do diálogo. Esse, aliás, deve extrapolar os limites da sala de aula, pois a violência moral nem sempre fica restrita a ela. O Anexo Eustáquio Júnio Matosinhos, ligado à EM Newton Amaral Franco, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, encontrou no diálogo coletivo a solução para uma situação provocada por pais de alunos. Este ano, a escola recebeu uma criança de 4 anos com deficiência intelectual e os pais dos coleguinhas de turma foram até a Secretaria de Educação pedir que o menino fosse transferido. A vice-diretora, Leila Dóris Pires, conta que a solução foi fazer uma reunião com todos eles. "Convidamos o diretor de inclusão da secretaria e um ativista social cadeirante para discutir a questão com esses pais. Muitos nem sabiam o que era esse conceito. A atitude deles foi motivada por total falta de informação e, depois da reunião, a postura mudou."

Seis soluções práticas
- Conversar sobre a deficiência do aluno com todos na presença dele.
- Adaptar a rotina para facilitar a aprendizagem sempre que necessário.
- Chamar os pais e a comunidade para falar de bullying e inclusão.
- Exibir filmes e adotar livros em que personagens com deficiência vivenciam contextos positivos.
- Focar as habilidades e capacidades de aprendizagem do estudante para integrá-lo à turma.
- Elaborar com a escola um projeto de ação e prevenção contra o bullying.
   
 Antecipar o que vai ser estudado dá mais segurança ao aluno

"Passei a adiantar para o José, em cada aula, o conteúdo que seria ensinado na seguinte. Assim, ele descobria antes o que iria aprender." Maria Aparecida de Sousa Silva Sá, professora do CAIC EMEIEF Antônio Tabosa Rodrigues, em Cajazeiras, PB. Foto: Leonardo Silva


No CAIC EMEIEF Antônio Tabosa Rodrigues, em Cajazeiras, a 460 quilômetros de João Pessoa, a solução para vencer o bullying foi investir, sobretudo, na aprendizagem. Ao receber José, um garoto de 12 anos com necessidades educacionais especiais, a professora Maria Aparecida de Sousa Silva Sá passou a conviver com a hostilidade crescente da turma de 6ª série contra ele. "Chamavam o José de doido, o empurravam e o machucavam. Como ele era apegado à rotina, mentiam para ele, dizendo que a aula acabaria mais cedo. Isso o desestabilizava e o fazia chorar", lembra. Percebendo que era importante para o garoto saber como o dia seria encaminhado, a professora Maria Aparecida resolveu mudar: "Passei a adiantar para o José, em cada aula, o conteúdo que seria ensinado na seguinte. Assim, ele descobria antes o que iria aprender".

Nas aulas seguintes, o aluno, que sempre foi quieto, começou a participar ativamente. Ao notar que ele era capaz de aprender, a turma passou a respeitá-lo. "Fiquei emocionada quando os garotos que o excluíam começaram a chamá-lo para fazer trabalhos em grupo", conta. Depois da intervenção, as agressões cessaram. "O caminho é focar as habilidades e a capacidade de aprender. Quando o aluno participa das aulas e das atividades, exercitando seu papel de aprendiz e contribuindo com o grupo, naturalmente ele é valorizado pela turma. E o bullying, quando não cessa, se reduz drasticamente", analisa Silvana Drago, responsável pela Diretoria de Orientação Técnica - Educação Especial, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

Samara Oliboni, psicóloga e autora de tese de mestrado sobre bullying, diz que é preciso pensar a questão de forma integrada. "O professor deve analisar o meio em que a criança vive, refletir se o projeto pedagógico da escola é inclusivo e repensar até seu próprio comportamento para checar se ele não reforça o preconceito e, consequentemente, o bullying. Se ele olha a criança pelo viés da incapacidade, como pode querer que os alunos ajam de outra forma?", reflete. A violência começa em tirar do aluno com deficiência o direito de ser um participante do processo de aprendizagem. É tarefa dos educadores oferecer um ambiente propício para que todos, especialmente para os que têm deficiência, se desenvolvam. Com respeito e harmonia.

Adultos: Vitimas de Bullying

Adultos também são vítimas de bullying e têm carreira prejudicada

HELOÍSA NORONHA
Colaboração para o UOL
16/04/201107h00

Nunca se falou tanto em bullying. Mas a prática de agredir alguém (verbal, física ou psicologicamente) não é comum somente nas escolas. Gente que há muito tempo passou dessa fase usa esse artifício para neutralizar o desempenho e autoestima de colegas no meio corporativo. São profissionais que costumam ter atitudes nada louváveis e incompatíveis com seu currículo, como isolar um colega, zombar de alguma característica, inventar fofocas, boicotar em reuniões ou ridicularizá-lo por sua orientação sexual, política ou religiosa.
É óbvio que pessoas que passam tantas horas por dia em uma mesma empresa tendem a desenvolver vínculos que, uma vez ou outra, acabam descambando para o gracejo ou a gozação explícita. No caso do work place bullying (sim, a prática já ganhou nome próprio), porém, as piadas são feitas com o objetivo de ferir a autoconfiança alheia ou se exibir para o resto da equipe. “Aspectos intelectuais nem sempre estão ligados ao desenvolvimento emocional. Alguém competente pode ter um padrão de comportamento imaturo e ser inseguro”, comenta Dulce Helena Cabral Hatzenberger, coordenadora do Departamento de Psicologia do Trabalho da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Para a psicóloga Dorit W. Verea, diretora da Clínica Prisma – Centro de Prevenção e Tratamento em Saúde Emocional, de São Paulo, algumas pessoas não amadurecem, só envelhecem. “A maturidade nos traz a consciência de que ninguém é melhor do que ninguém em absoluto. Geralmente, as pessoas que praticam o bullying adulto depositam suas forças quando têm receio pelos êxitos dos demais. Há um sentimento de irritação, de rancor, em relação ao sucesso que o outro possa ter”, pondera.
Segundo a opinião de Dorit, o agressor seria, portanto, um invejoso ressentido com baixa autoestima. “Esse agressor tem claras as suas limitações. Está consciente do perigo constante a que está submetido em sua carreira. É o conhecimento de sua própria realidade o que o leva a destroçar as carreiras de outras pessoas. Pode-se somar o medo de perder privilégios e esta ambição empurra a eliminar obstáculos”, afirma.
Marcia Bandini, diretora da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt),  diz que existem muitas explicações para casos assim. "Em alguns, a pessoa pratica o bullying simplesmente porque tem a oportunidade de fazê-lo. Mais frequentemente, esse tipo de comportamento é uma tentativa de se promover em cima do outro. São técnicas que podem funcionar por algum tempo, mas nunca perduram em bons ambientes profissionais”, afirma.

O problema levanta duas questões importantes. Quem pratica bullying na idade adulta fez o mesmo quando criança? Ou foi alvo e quer sublimar a baixa autoestima? De acordo com os especialistas, a relação pode existir, mas não devemos generalizar. É claro que existe uma tendência de que as pessoas repitam comportamentos. Só que isso não é regra. "Muitas pessoas que sofreram bullying na infância conseguiram superar os sentimentos negativos. Isso evita que o bullying seja repetido na idade adulta”, esclarece Marcia Bandini.


Já George Barbosa, presidente da Sociedade Brasileira de Resiliência (Sobrare), acredita que essa não é uma relação de causa e efeito. “Eu acredito que duas situações se encontram: um ambiente com uma ética duvidosa e uma pessoa com fracas convicções sobre seus valores. O resultado é a contaminação e a pessoa aderir ao comportamento da empresa”, diz.


Vire a mesa

Mas se na escola as crianças vítimas de bullying podem –quando têm coragem– contar com o apoio de pais e professores, a quem recorrer para lidar melhor com a intimidação ou a zombaria incômoda no trabalho? A psicóloga com abordagem cognitiva Vivian Behar, de São Paulo, dá o clássico exemplo da competitividade em reuniões para sugerir o que fazer.

“Nas reuniões importantes o clima costuma ser de salve-se quem puder. Cada um que queira subir de cargo numa empresa tem de se defender sozinho e não esperar passivamente que outro lhe dê passagem. Quem se vê como vítima de bullying numa situação dessas deve avaliar se é a primeira vez que se sente assim, e, nesse caso, falar com a pessoa que o maltrata.


A psicóloga salienta que é sempre importante que um adulto se posicione sem medo, seja com suas ideias profissionais, seu credo, raça, sexo... “Isso depende mais da sua autoconfiança, da disposição de perder um emprego, amigo, time e buscar novos lugares. Crianças dependem dos pais para implementar mudanças em suas vidas. Adultos, não. Adultos podem lutar por seus espaços”, avisa.
Também há quem tenha muita dificuldade de lidar com o que é diferente, o que faz com que o bullying adulto navegue nas águas turvas do preconceito. Há pessoas que sentem-se mais confortáveis entre iguais porque não são desafiadas ou confrontadas em suas crenças e comportamentos. As empresas, na visão dos experts, devem trabalhar no sentido de que a diferença seja vista como algo que desperte o interesse, em vez de temor.

Para Dorit, as corporações precisam ter consciência de que bullying no trabalho é um problema sério e recorrente. “O bullying é mais do que um ataque ocasional de raiva ou briga. É uma intimidação regular e persistente. E é frequentemente aceita ou mesmo encorajada como parte da cultura de muitas organizações.”

Dorit diz que é importante investir no relacionamento entre os colaboradores (inclusive fora do horário de trabalho). Estabelecer um código de conduta a ser seguido por todos, conversar com as partes envolvidas separadamente e em conjunto e criar um canal para que o funcionário possa denunciar o fato. No plano individual, cada um deve trabalhar para que exista um clima saudável na empresa e se esforçar para, no mínimo, aprender a lidar com as diferenças.

Filmes sobre Bullying

Alguns filmes para assistir sobre o Bullying


Todos os dias, alunos no mundo todo sofrem com um tipo de violência que vem mascarada na forma de “brincadeira”. Estudos recentes revelam que esse comportamento, que até há bem pouco tempo era considerado inofensivo e que recebe o nome de bullying, pode acarretar sérias consequências ao desenvolvimento psíquico dos alunos, gerando desde queda na autoestima até, em casos mais extremos, o suicídio e outras tragédias.

O site Getro criou uma lista com 10 filmes sobre bullying que você deveria assistir.

1. A Classe (Klass, Estônia 2007): Joosep é um adolescente tímido e sensível que virou saco de pancadas do valentão Anders e sua turma. Diariamente, Joosep é submetido a longas sessões de tortura física e psicológica. A situação piora quando Kaspar, um dos moleques que marcava posição contra Joosep, muda sua conduta e passa a protegê-lo. Sentindo sua liderança ameaçada, Anders decide tornar Kaspar vítima também das mesmas atrocidades. Produzido num país sem muita tradição cinematográfica, o filme é um verdadeiro soco no estômago, feito propositadamente para chocar. A princípio, pode soar sensacionalista, mas está mais para um ALERTA e dificilmente vai deixar indiferente quem o assistir.

2. Meu Melhor Inimigo (Min Bedste Fjende, Dinamarca 2010): Cansado de ser humilhado pelos garotos da escola, Alf decide tomar medidas contra aqueles que o atormentam. Alia-se a outro colega também vítima de bullying e, juntos, inspirados nas lutas de Niccolo, herói de uma revista em quadrinhos, firmam um pacto secreto para se vingar dos valentões da turma. Tudo parece ir de acordo com o plano, até que Alf percebe que virar a mesa contra seus algozes, tem suas consequências. Impactante e triste filme dinamarquês que nos faz refletir sobre nossos atos e este mundo tão cruel.

3. Elefante (Elephant, EUA 2003): Numa escola secundária de Porland, estado do Oregon, a maior parte dos estudantes está engajada em atividades cotidianas. Enquanto isso, dois alunos esperam, em casa, a chegada de uma metralhadora semi-automática com altíssimo poder de fogo. Munidos de várias armas que vinham colecionando, partem para a escola, onde serão protagonistas de um verdadeiro banho de sangue. Inspirado no triste ocorrido em abril de 1999, quando dois adolescentes mataram 14 estudantes e um professor na Columbine High School.

4. Bullying – Provocações Sem Limites (Bullying, Espanha 2009): Órfão de pai, Jordi é um jovem educado, bom aluno e talentoso jogador de basquete que, ao se mudar para uma nova escola em Barcelona, desperta raiva e inveja de um bullie e seu grupo. Humilhações e espancamentos tornam-se parte de sua vida. Jordi guarda silêncio enquanto a violência se intensifica, envolvendo-se cada vez mais no perigoso e sádico jogo psicológico do seu agressor. Um longa angustiante que mostra de maneira severa e chocante a realidade dos que sofrem Bullying e a importância de se denunciar essa prática.

5. Bully (Bully, EUA 2001): Bobby (Nick Stahl) é um valentão que vive abusando fisicamente dos colegas da escola. Cansados de sua atitude, eles se juntam e decidem lhe dar uma lição, atraindo-o até um pântano e espancando-o até a morte. O ocorrido provoca reações distintas na comunidade em que vivem, que vão do choque pela brutalidade do assassinato até mesmo a sensação de que Bobby recebeu o que merecia. Baseado em fatos verídicos, trata-se de um filme chocante, dirigido pelo polêmico Larry Clark (Kids), especializado em retratar o ócio e a banalidade da violência na juventude americana.

6. Ben X – A Fase Final (Ben X, Bélgica 2007): Diagnosticado com Síndrome de Asperger (um Autismo mais leve), Ben é um adolescente com extrema dificuldade de socialização e comunicação. Para escapar da agressão dos colegas de classe, ele refugia-se em Archlord, um game jogado por milhares de pessoas online, cada qual operando um personagem num mundo virtual. A partir do momento em que a opressão leva Ben ao limite, a linha entre a fantasia e a realidade começa a se tornar perigosamente escorregadia. Um filme tocante e inovador, supostamente baseado em um episódio real.

7. Evil, Raízes do Mal (Ondskan, Suécia 2003): Problemático jovem de 16 anos, acostumado a tratar todos com brutalidade, devido aos maus tratos de seu padastro, acaba expulso da escola pública e transferido para um prestigiado colégio privado, onde sabe que terá sua última oportunidade. O adolescente pretende mudar de vida, porém se defronta com muitas situações de injustiças e humilhações por parte dos alunos veteranos que ultrapassam os limites da ética e do bom-senso. Submeter-se ou revidar os maus tratos? Ambientado nos anos 1950, um obra perturbadora e inquietante que também fala de impunidade.
8. Bang, Bang! Você Morreu (Bang, Bang! You’re Dead, EUA 2002). Ben Foster, então com 21 anos, faz um estudante exemplar que, cansado de ser constantemente humilhado por um dos jogadores do time de futebol da escola, ameaça explodir o prédio durante o período de aulas; porém usa uma bomba de mentira. Depois do falso atentado, ele começa a ser visto com desconfiança pelos colegas, e passa a arquitetar algo realmente violento. Ao falar de preconceito, o longa mostra claramente do que um jovem é capaz quando o que se espera dele invade os preceitos morais de um grupo determinado ou de toda uma sociedade.

9. Quase Um Segredo (Mean Creek, EUA 2004): Ronny Culkin faz um delicado adolescente continuamente atormentado pelo valentão da escola. Incentivado pelo irmão mais velho, decide se vingar, atraindo o moleque para uma viagem de barco onde pretende humilhá-lo. Durante o passeio, passa a enxergar seu algoz sob outra perspectiva – a de um garoto solitário que só quer um pouco de atenção – e decide cancelar o plano. Mas as coisas dão errado com consequências trágicas. Um filme instigante, repleto de sarcasmo, sensível e com ótimas atuações.

10. Carrie, A Estranha (Carrie, EUA 1976): Carrie (Sissy Spacek) é uma jovem tímida que não faz amigos por conta da mãe desequilibrada, uma fanática religiosa. Ao aceitar ir ao baile do colégio, ela cai numa armadilha preparada para ridicularizá-la em público. O que ninguém imagina é que a jovem possui poderes telecinéticos e pretende usá-los para se vingar. Este clássico dirigido por Brian De Palma fala de preconceito e bullying numa época em que a vida colegial só inspirava comédias ou romances. Engraçado perceber que o título nacional acrescentou um adjetivo que é, por si só, uma expressão de segregação!
Caso você conheça algum filme que não conste nesta lista, deixe um comentário.
Fonte: Getro
Por: Getro Guimarães